Maior escolaridade e menor índice de demissões são características dessa força de trabalho que vem aumentando em todo país
Venezuela, Paraguai, Haiti, Colômbia, Senegal e Bangladesh. Os quadros de colaboradores de muitas indústrias têm se mostrado cada vez mais diversos ao abrigar profissionais dos mais variados países, etnias e costumes. Segundo dados do Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra) o Brasil tem mais de 65 mil pessoas já reconhecidas como refugiadas e mais de 60% delas têm idade entre 20 e 39 anos – em plena capacidade produtiva.
O venezuelano Eduardo Guilhermo é um deles. Chegou no Brasil com a esposa e três filhos em 2016 em busca de melhores oportunidades, já que a Venezuela vive forte recessão econômica e com muitas dificuldades sociais. No país de origem, Guilhermo já tinha trabalhado como propagandista de uma farmacêutica, realizando visitas a médicos, farmácias e distribuidoras de medicamentos. “Gosto da dinâmica do meu trabalho e quando vi que aqui no Brasil poderia trabalhar com algo que eu já me identificava, foi muito legal. No início teve a barreira da língua, mas hoje vejo que meu sotaque carregado acaba sendo um diferencial”, diz. O venezuelano atua há dois anos como propagandista da Prati-Donaduzzi em Recife (PE).
História diferente, mas que também carregam na essência novas oportunidades tem o casal Lina e Daniel. Ela, colombiana, e ele, chileno, foram atraídos para o Brasil pelo curso de Engenharia Química ofertado pela Unila, Universidade Federal da Integração Latino Americana. Se conheceram na faculdade em Foz do Iguaçu (PR) e resolveram fazer estágio na farmacêutica Prati-Donaduzzi, em Toledo (PR). O desempenho foi tão bom que assim que finalizaram o estágio, tiveram contratação imediata. “Nós viemos para estudar, sair da zona de conforto. Nos conhecemos na faculdade e nos apaixonamos. Hoje nós dois ocupamos cargo de analista de processos. Depois da língua, a saudade da família ainda é o grande desafio que enfrentamos”, explica a colombiana.
Os primeiros imigrantes que a Prati-Donaduzzi recebeu e era formada por nove venezuelanos que foram encaminhados pelo exército brasileiro na Operação Acolhida, em 2019. A experiência foi tão positiva que a empresa abriu vagas para contratações de outras nacionalidades. Hoje, o número de imigrantes na farmacêutica é 433% maior. “Notamos que o índice de rotatividade no trabalho é menor se comparado aos brasileiros que aqui estão e que essa diversidade de língua, costumes e cultura é muito benéfica no trabalho. Além disso, muitos deles chegam aqui mais capacitados, com curso técnico e superior”, conta o diretor de Recursos Humanos, Diones Wolfart.
Acolhimento
Para dar suporte a esses profissionais que muitas vezes chegam sem nada ao Brasil, a farmacêutica criou o programa Prati Acolher. Com ele, o setor de Responsabilidade Social acolhe o colaborador, dando suporte e oferecendo mini oficinas de língua portuguesa. “Nós ajudamos esses colaboradores a encontrar a ajuda que necessitam, seja na embaixada solidária, escolas, igrejas, creches e outros serviços municipais e de assistência disponíveis”, explica a supervisora de Responsabilidade Social, Maria Rita Pozzebon.